
A presidente Dilma Rousseff declarou que sua gestão tem uma "parceria
incondicional" com a população e os governantes do Nordeste, ao anunciar
investimentos de R$ 9 bilhões para o combate aos efeitos da seca na
região. Em reunião do conselho deliberativo da Superintendência de
Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) com governadores locais realizada
em Fortaleza, nesta terça-feira, 2, ela apresentou a criação ou
ampliação de 14 programas federais para beneficiar produtores rurais.
Dilma defendeu as ações de seu governo para promover o desenvolvimento
do Nordeste e disse que, graças a investimentos de sua gestão e da
administração do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, "a face da
miséria nessa região não foi acentuada tão perversamente pela estiagem".
"Acho que é incorreto dizer que este investimento produziu todos os
resultados que nós queríamos, mas ele produziu um resultado inequívoco,
junto com as outras políticas sociais do governo, que foi impedir que as
populações aqui tivessem todas as perversas consequências que nós
víamos ser retratadas ao longo da história do Brasil", afirmou. "No que
se refere à população, nós somos bem-sucedidos. Nós não vemos saque, não
há nenhuma parte da população que nós saibamos que est passando por
fome e tenha de fazer um conjunto de ações para preservar a sua própria
sobrevivência."
A presidente, no entanto, se antecipou às demandas dos governadores
nordestinos e disse que a administração federal vai reforçar o socorro
aos agricultores e à estrutura de produção afetados pela estiagem.
"Devemos constatar que os desafios de enfrentar os efeitos da seca na
esfera produtiva persistem e teremos de enfrentar esses desafios
juntamente com as ações emergenciais", afirmou.
A necessidade de investimentos para proteger a economia do Nordeste é
uma cobrança frequente do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB)
- que trabalha para fortalecer uma possível candidatura presidencial
contra Dilma em 2014. Na semana passada, em evento em Serra Talhada
(PE), ele fez um discurso em que afirmou que o desenvolvimento dos
Estados da região corria riscos devido à quebra da estrutura de
produção.
Parcerias. Em seu
discurso desta terça-feira, Dilma disse que o governo federal não
poupará esforços para proteger e desenvolver a região, e pediu a
parceria dos Estados para atingir esse objetivo.
"Eu reafirmo aqui a parceria incondicional do meu governo com a
população nordestina, com os governadores e com os prefeitos de todas as
regiões que enfrentam os desastres decorrentes da seca. Em razão desse
compromisso, nós do governo federal não poupamos esforços nem recursos
para minorar o impacto e os efeitos da seca sobre as populações
atingidas por ela", afirmou.
A presidente reforçou que o governo federal pretende facilitar a
execução de obras e ações emergenciais na região, mantendo o Regime
Diferenciado de Contratação (RDC) para obras do Programa de Aceleração
do Crescimento (PAC) e acelerando a concessão de titularidade de terras,
o licenciamento ambiental e a liberação de recursos.
Foram anunciados a ampliação de programas federais, com novas medidas no
valor de R$ 9 bilhões - incluindo R$ 2,1 bilhões em novos equipamentos
para os municípios e R$ 3,1 bilhões em renegociação de dívidas para os
produtores, além da construção de cisternas, do fornecimento de
carros-pipa, da perfuração de poços e da prorrogação da Bolsa Estiagem.
Dilma ponderou que "a seca é um fenômeno com que temos de conviver,
assim como países que vivem na região mais setentrional do mundo ou mais
meridional do mundo convivem com os invernos de forma intensa, todos os
anos".
A presidente ainda reconheceu que a economia do Nordeste enfrenta um
"problema logístico" no abastecimento de milho para os rebanhos da
região. "Há um problema logístico. Não temos condição de escoar milho
por meio rodoviário. Estudamos hipóteses de acessar cabotagem e meio
marítimo, e fizemos levantamento dos portos públicos e privados do
País", disse, pedindo parceria aos governadores para solucionar os
entraves no transporte da ração.
Política. Esta é a
segunda viagem oficial de Dilma ao Nordeste em duas semanas. As visitas
acontecem em um cenário de fortalecimento da possível candidatura
presidencial de Eduardo Campos, e os petistas acreditam que o partido e o
governo federal devem melhorar sua articulação com governadores e
prefeitos da região para evitar um avanço do governador pernambucano
como potencial interlocutor político desses administradores.
O Nordeste é um reduto eleitoral tradicional do PT nas eleições
presidenciais, desde a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2002.
Nas disputas seguintes, a dupla teve uma ampla vantagem de votos sobre
seus principais adversários na região.
O PSB de Campos, entretanto, ganhou força local nas eleições estaduais e
municipais. Quatro dos nove governadores da região foram eleitos pelo
PSB (Ceará, Pernambuco, Paraíba e Piauí), enquanto o PT tem apenas dois
mandatários (Bahia e Sergipe). Os petistas também perderam espaço nas
capitais, com derrotas para aliados de Eduardo Campos em Recife e
Fortaleza. (Estadão)
Blog Bruno Brito












0 comentários:
Postar um comentário